Vamos mergulhar em outra polêmica? A pergunta é: determinar parâmetros ao escolher parceiros sexuais e/ou amorosos é uma questão de preferência ou preconceito?
Sendo um homem negro, é de se imaginar que a minha opinião referente ao assunto seja óbvia, mas eu garanto, você vai se surpreender.
Todo mundo que já esteve em uma sala de bate papo, site ou aplicativo de pegação já se deparou com (ou tem) perfis do tipo: “dispenso negros”, “gordos e asiáticos é block direto” ou “não falo com afeminados, nada contra, só não curto”. Alguns defendem que gosto não se discute, mas eu acho que o buraco é mais embaixo.
Aqui ninguém está sugerindo que você deva ficar, namorar ou transar com alguém que não lhe apetece, isto não faz o menor sentido, mas será que ter um “tipo” não é propagar conceitos de racismo ou preconceito?
Eu também tenho um tipo e quem observar os meus namorados anteriores e o atual vai entender que rola sim uma preferência da minha parte em relação a escolher quem está do meu lado, mas nunca foi uma seleção excludente. O esteriótipo sempre foi que homens negros, gostam de homens brancos, mas eu nunca fui assim, meu “tipo” sempre foram os homens negros. Eu nunca dispensei ninguém que fosse interessante independente da cor, credo, forma física ou requebrado, afinal não dá para perder boas oportunidades, mas o tipo de parceiro que fazia as minhas engrenagens funcionarem era bem específico.
Isto é preferência. Existe uma diferença clara entre preferir e preterir. Quando ouço alguém dizer que nunca “pegaria” um negro ou um asiático, que não acha bonito e por ai vai, fico me perguntando se aquela pessoa é preconceituosa.
Mesmo tendo uma inclinação por rapazes da minha “etnia” eu jamais colocaria em um perfil que “dispenso brancos” ou então que “loiros é block na hora”, entende a diferença? Isto é preconceito, é achar que alguém que é diferente do seu ideal não seja alguém a sua altura.
Isto faz parte da construção social do “que é a beleza”. Vivemos em um mundo que tem definido de forma muito clara (sem trocadilhos) o que é bonito e o que não é. A modelo mais famosa do Brasil por exemplo (e talvez do mundo) nem parece brasileira(!) e estas “imposições” mesmo que não declaradas vão ficando cristalizadas na nossa cabeça. Eu só passei a me achar “bonito” depois dos 21 anos, quando através dos olhos dos outros eu me percebi atraente.
Atitudes que excluem e inferiorizam pessoas que possam se interessar por você são sim racistas e preconceituosas, mas não há nada de errado em ter um tipo. Ter um tipo é preferência, desconsiderar outras formas de beleza é racismo (ou preconceito).
Já demos uma dica aqui no blog falando sobre questões de preferências (em relação aos perfis de aplicativos) sem que você reforce o discurso preconceituoso. Seja positivo, nos perfis e nas conversas fale sobre os tipos que você gosta e não o contrário.
Se prefere negros, diga que prefere negros, se são os loiros que mexem com você, diga que sente um tesão louco por eles, mas dispense o discurso de que x, y ou z serão bloqueados, ou não terão chance. A única coisa que você vai afastar é gente bacana de verdade.
Em um planeta com 7 bilhões de pessoas só fica sozinho quem quer, ou quem se apega com unhas e dentes a visões preconceituosas das pessoas. Como diria minha mãe: “Quem muito escolhe, será escolhido!”. E tenho dito!
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