Esta é a terceira e última parte da matéria – Veja a primeira e a segunda parte!
Lá no começo, falamos sobre a proliferação do sexo bareback nos vídeos amadores. É uma inegável tendência levando em consideração o que se acha na internet a um “Google” de distância. É possível aplicar as mesmas métricas em terras tupiniquins?
Nos últimos anos, contrariando a tendência mundial, tivemos um aumento no número de infecções pelo vírus hiv entre os mais jovens, resultado talvez do sucesso dos antirretrovirais no combate a doença e também por conta da população mais jovem não ter vivido de forma tão intensa o período em que a Aids era uma sentença de morte. Nosso país adotou uma política verdadeiramente revolucionária no combate a epidemia fornecendo o remédio para todos os infectados pelo vírus.
Mesmo assim, depois de três anos de estudo, o Sus optou por não implementar uma política de “distribuição universal” do Truvada para prevenir de forma decisiva as transmissões entre grupos mais vulneráveis. Enquanto o remédio ainda aguarda a liberação da Anvisa e dos órgãos competentes o mesmo só pode ser encontrado em farmácias especializadas pela bagatela de R$ 600,00 (sim, seiscentos reais) por trinta comprimidos, ou seja, um mês de utilização. A prevenção efetiva, no momento, está disponível para poucos.
A premissa pode ser puramente amedótica, mas é possível perceber que brasileiros estão fazendo e filmando o sexo bareback em grandes números, ainda que por aqui a questão permaneça de certa forma um tabu.
São muitos os grupos que encontram – se para a prática do sexo sem preservativos, festas e orgias onde a “capa” esta proibida são facilmente encontrados nas mídias sociais, blogs e tumblrs de sexo.
Por exemplo, o site brasileiro Mundo Mais, disponibiliza além do conteúdo que produzem (este com a utilização de preservativos) alguns vídeos enviados por leitores e seguidores, muitos, muitos mesmo onde a camisinha não está presente. Nos comentários (sim, ler comentários em qualquer postagem é pedir para ter dor de cabeça) o público divide – se entre os que condenam e os que defendem o sexo bareback.
Ao fazer tantas considerações uma coisa fica clara, o pornô faz parte de nossas vidas e de certa forma influencia a visão que temos do sexo. Se vamos ou não reproduzir o que está na tela é uma decisão que passa por aspectos sociais e de educação em relação ao sexo. Está nas mãos de quem assiste saber avaliar os riscos e benefícios que cada encontro sexual no mundo real pode lhe trazer.
Assim como não é o papel da televisão o de educar os nossos filhos, também não é o papel do pornô de nos informar sobre o sexo seguro. Ambos são em primeiro lugar “negócios” que visam lucratividade e em segundo lugar entretenimento, fantasia. É preciso encarar que como sociedade, falhamos em informar os jovens sobre o que é o sexo.
E entram ai, questões como o consentimento, prevenção de doenças e principalmente o prazer. Mais do que órgãos reprodutores se chocando por necessidade, seres humanos fazem sexo por prazer, e este, está sempre muito distante do que chamamos de “educação sexual”.
Em uma nota a imprensa o diretor executivo da Coalizão pela Liberdade de Expressão, associação comercial da indústria pornô norte-americana disse o seguinte:
A pornografia é uma forma de entretenimento, não uma ferramenta para transmitir conhecimento onde a educação pública falhou!
Da mesma forma, Cindy Gallop, criadora do MakeLoveNotPorn (Faça amor, não Pornô), um site que encoraja os espectadores a compartilhar vídeos caseiros de “sexo do mundo real”, ressalta:
Não é o papel da pornografia educar as pessoas sobre sexo e/ou sexo seguro. É da sociedade. (…) Os esforços em torno da imposição de preservativos na pornografia seriam melhores gastos em tornar a sociedade aberta para uma educação honesta, saudável na discussão em torno do sexo.
Nós queremos saber o que você achou? Você assiste aos filmes/vídeos bareback? Se sim, isto influencia o sexo que você faz no mundo real? É responsabilidade da indústria pornô de incentivar ou não o uso de camisinhas?
Caso não tenha visto os posts anteriores, você pode clicar aqui para a primeira matéria e aqui para a segunda!
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