Você está ai “de boa”, deitão no sofá, sem se preocupar muito com estas coisas, mas existe muita gente séria e estudos apontando que o celular que está nas suas mãos pode ser o caminho mais rápido para uma doença sexualmente transmissível.
Já mencionei, que no meu tempo, conseguir um encontro casual era muito mais difícil, você precisava efetivamente sair de casa, ou então lançar a rede nas salas de bate – papo para tentar “pescar” um encontro para aquela noite, e vou te contar, não era nada fácil. Do bate – papo para o (finado) Msn e depois para o telefone para só então (caso você não tivesse desistido) encontrar alguém disposto e compatível para satisfazer os seus desejos daquela noite.
Hoje é tudo mais fácil, ai mesmo no celular você têm mais de um aplicativo indicando quem são os caras mais próximos e dispostos a fazer de tudo, a um toque de distância.
Segundo um estudo de 2014, realizado pelo Centro lgbt de Los Angeles (Califórnia – EUA), homens que utilizam os aplicativos de pegação tem 25% mais chances de contrair gonorreia e 37% mais chances de contrair clamídia. O estudo entrevistou cerca de 7.184 homens.
“A tecnologia tem suas vantagens, mas também tem alguns riscos “, disse o pesquisador-chefe no Los Angeles LGBT Center. “Queremos educar homens homossexuais e bissexuais sobre os riscos potenciais que podem enfrentar com esses aplicativos .”
Ele continua : “A tecnologia está redefinindo sexo casual; programas de prevenção devem aprender a explorar eficazmente a mesma tecnologia e manter o ritmo com a mudança de fatores de risco contemporâneos para a transmissão de Dsts e HIV.”
As campanhas de prevenção passaram muito tempo focadas na transmissão do vírus Hiv, inclusive esta informação sobre o status positivo ou negativo de possíveis parceiros está sempre a uma pergunta de distância nos aplicativos, isto quando o usuário não declara a mesma em seu perfil, mas não podemos esquecer que existem muitas outras doenças, tratáveis é verdade, que podem ser transmitidas através do contato sexual.
Junta – se a isto a divulgação de estudos que nos mostram que portadores do vírus em tratamento e com uma carga viral indetectável não transmitem a doença e a chegada do Truvada (Prep), que se tomado corretamente, impede a infecção com o vírus, o número de infecções por outras doenças cresceu muito nos Estados Unidos. Levando em consideração que o bicho – papão da Aids esta “contido”, as pessoas sentiram – se mais livres para abdicar do uso do preservativo, é ai que mora o problema.
Para se ter uma noção, de acordo com o estudo Sampa Centro feito em 2012 pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, depois de entrevistar 1.217 gays em casas noturnas, saunas, cinemas e ruas do centro de São Paulo descobriu – se que dos 776 que aceitaram fazer exames rápidos de DSTs, “18% dos estava com sífilis ativa”, que é a faze onde a doença é altamente transmissível.
Pensa comigo, que aproximadamente 1 em casa 5 homens que fazem sexo com homens na cidade de São Paulo está transmitindo, sem saber, a doença.
Faça as contas você, digamos que no último ano você tenha transado com alguém diferente duas vezes por mês (estamos sendo “conservadores” com os números), são 24 parceiros em um ano, destes, entre 4 e 5 possivelmente estavam com a sífilis ativa. Você usou preservativo em todos os encontros? Inclusive no sexo oral? Complicado, não?
Entre os anos de 2013 e 2014, oficiais de saúde do estado de Rhode Island (EUA) notaram um aumento de 79% (você leu certo … setenta e nove) nos casos reportados de sífilis.
Em Nova Iorque, o departamento de saúde anunciou que homens que vivem e/ou frequentam o bairro gay de Chelsea tem os maiores níveis de infecções do país.
Lá fora e aqui no Brasil, mesmo que os índices de transmissões entre a população em geral estejam caindo, entre os jovens que não viveram o fantasma da Aids, os números de transmissões de Hiv e Dsts em geral só aumenta.
Aqui ninguém está sugerindo que você não tenha uma vida sexual saudável, múltipla e divertida, mas é preciso conhecer os riscos, estar sempre atento a sinais de uma possível infecção e procurar os centros de testagem, é grátis e fornecido pelo Sus, assim como os possíveis tratamentos.
Toda doença que é transmitida pelo sexo leva consigo uma carga de vergonha e estigmatização social, além dos sintomas e possíveis consequências trazem consigo uma condenação da sexualidade, seja ela qual for. Entranhado em nossa sociedade (judaico – cristã) ainda está o conceito de que o sexo é errado, sujo e que quem contrai uma Dst, teve o que mereceu.
Quem está na chuva e para se molhar, não há prazer sem risco, mas é necessário estar atento as suas escolhas, estar munido de conhecimento e procurar um médico sempre que as coisas não saírem como o planejado.
Vergonha só leva a desinformação e é esta a pior das doenças. Avalie os riscos e/ou “encape o bicho” … agora, responde logo a mensagem daquele gatinho, está esperando o que?!
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